O Espelho que Julga

O Espelho que Julga

Na cidade de Aurion, onde cada superfície refletia desejos e medos, Clarice, aos 28 anos, reinava como a Embaixadora da Imagem. Sua beleza era um feitiço: cabelos ouro rosado cascateando como seda, olhos castanhos quentes que avaliavam cada alma, e uma blusa de cetim champagne que parecia moldada por luz. Mas eram seus pés — delicados, com unhas em nude metálico — que selavam seu poder. No templo de espelhos, eles pisavam um chão brilhante, onde o reflexo das solas era um quadro vivo. Uma coroa dourada desfocada pairava perto de seu calcanhar, sussurrando: Você é o ideal.

Clarice acreditava que sua Persona era inquebrável. Cada passo era uma pose, cada olhar, um julgamento. Mas, numa noite de ritual, o espelho central tremeu. “Quem é você sem mim?”, perguntou uma voz. O reflexo não mostrava Clarice, mas um vazio — uma rachadura no chão espelhado, onde seus pés deixavam marcas de cinzas, não de ouro. Ela recuou, mas o templo exigia verdade. Seus pés, altares de estética, agora tremiam. Para continuar, Clarice precisaria olhar além do reflexo, onde a Sombra aguardava.

Seus pés tocaram o chão novamente, e o espelho respondeu: Você molda o que veem. Mas o que você vê? A jornada da Persona havia começado, e Clarice, pela primeira vez, sentiu o peso de ser mais que uma imagem.

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