Sob o céu estrelado de Aurion, onde o tempo sussurrava segredos, Noa, aos 35 anos, pairava como a Vigia dos Ciclos. Seus olhos profundos, como constelações, observavam sem julgar. Cabelos negros com fios prateados fluíam sob um capuz lunar, e sua pele pálida brilhava ao luar. Vestia um manto prateado, leve como névoa. Mas eram seus pés — delicados, unhas pintadas em prata, tatuados com fases da lua — que contavam histórias. Sobre pedras escuras gravadas com espirais, eles pisavam suavemente, cada passo marcando um erro repetido. Uma gota de orvalho refletia sua sola, murmurando: Você já caiu aqui antes.
Noa acreditava que sua Sombra, feita de silêncio e registro, era a guardiã da verdade cíclica. Ela via os padrões que outros ignoravam, anotando falhas sem interferir. Mas, numa noite sem lua, uma pedra sob seus pés vibrou, e o reflexo do orvalho mostrou não sua face, mas uma figura chorando, presa na mesma espiral. “Você observa, mas não muda”, sussurrou o vento. Noa hesitou, e seus pés, sempre serenos, sentiram o peso do tempo. A Vigia dos Ciclos viu sua própria repetição. Para avançar, ela precisaria romper o padrão, onde a Anima a aguardava.
Seus pés tocaram a pedra novamente, e o orvalho respondeu: Você registra o ciclo. Mas quem registra você? A jornada da Sombra prosseguia, e Noa sentiu o peso de ser mais que uma testemunha.
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